A crise da primeira década do século XXI é, para a área cultural do Ocidente, uma crise de descontinuidade. Essa crise da década começou com a revelação de uma vulnerabilidade estratégica  com o ataque às Twin Towers em Setembro de 2001 e teve a su réplica de maior intensidade com a vulnerabilidade finnceira revelada em Setembro de 2008, através da falência do Lehman Brothers.

 

A economia portuguesa estava, no início de Janeiro de 2011, na frente de combate que representa a crise da dívida soberana do euro. Tem como condição necessária prosseguir efectivamente as medidas de austeridade delineadas, nomeadamente no OE 2011. Contudo, tal não se apresenta suficiente. Ou o PIB começa a crescer nominalmente a uma taxa mais rápida do que as taxas de juro (o que se afigura muito problemático), aliviando o peso relativo do enividamento, ou enfrentará a qualquer momento problemas de financiamento que obrigarão o país a recorrer à ajuda externa (e, posterior e provavelmente, a uma reestruturação da dívida).

 

Com a integração, em 1986, de Portugal nas Comunidades Económicas Europeias, depois União Europeia, a sociedade portuguesa sofreu alterações muito significativas, tendo-se registado ao longo desse período um considerável aumento da riqueza, um alargamento dos sistemas de protecção social e de fornecimento de bens públicos, a par de um acentuado envelhecimento da população, parcialmente atenuado pelos fluxos imigratórios. Agora, é necessário um novo ajustamento. Em grande parte por força de circunstâncias externas, esse processo de ajustamento já se encontra em marcha.

 

Todo o esforço de consolidação orçamental de 2011 representará somente um mês de necessidades de refinanciamento do Estado português. É preciso, por isso, criar rapidamente as condições para o crescimento económico.

 

Os municípios nacionais, na sua maioria, não têm a massa crítica nem a capacidade de, per si, imprimirem uma dinâmica que lhes permita intervir e competir numa escala necessária no futuro. Para que possam aspirar a atingir tal desiderato, terão que sofrer reestruturações, ganhar novas dimensões e posicionamento estratégico, no quadro nacional e internacional. Se o conseguirem fazer, constituir-se-ão como factores estratégicos das mudanças necessárias para a economia, a política e a sociedade portuguesas.