RT SaeR Março 2013
Editorial
O que fica
A Tragédia de uma Crise que Infetou as Sociedades
Maduras. As Lições Recentes dos E.U.A. e de Itália
Uma
crise que evolui por amplificação dos seus efeitos iniciais, incorporando na
sua trajetória destrutiva as outras esferas que formam a configuração social,
passa a ter uma dinâmica própria, em que são as suas sucessivas fases de
amplificação que vão mudando a natureza inicial dessa crise. Nas fases
seguintes torna-se imune às medidas que foram tomadas para a controlar e que
foram pensadas sob pressupostos que entretanto alteraram-se – e a informação
mais importante que se encontra neste processo natural é que não será realista
pretender voltar à estrutura de equilíbrio que se conheceu no passado.
E
quando se reconhece que as sucessivas fases da crise vão alterando a sua
natureza inicial, porque vão incorporando as perturbações na esfera social e na
esfera política que se adicionam ao que foi a perturbação inicial na esfera
económica, também tem de se reconhecer que não será possível voltar a essa
anterior estrutura de equilíbrio, pois a configuração anterior das três esferas
não se reconstituirá.
Análise de Conjuntura
A Adversidade
Internacional e a Necessária Atitude de Realpolitik
por Parte de Portugal
Quanto à economia portuguesa,
houve um assumir ideológico do cumprimento dos objetivos decorrentes do
Memorando de Entendimento (MdE) com a troika,
que conduziu a uma sobredose fiscal, resultando numa contração significativa e
continuada da economia portuguesa. Atendendo ao contexto europeu adverso e de
grande indefinição, recomenda-se, menos uma atitude ideológica, penalizadora
dos interesses portugueses, mas mais uma atitude de Realpolitik, que tente salvaguardá-los ou minorar os respetivos
danos e conserve em aberto mais opções para o futuro – seja ele qual for.
Tema de Fundo
As Tendências das Contas Públicas e a Reforma das Administrações
Públicas. Um Contributo para Reflexão
A acumulação de uma sucessão de anos de défices
públicos elevados, a par de um ambiente de reduzido crescimento económico, a
despeito das baixas taxas de juro, conduziu a um forte aumento da dívida
pública. Todavia, este agravamento do endividamento público não foi
imediatamente reconhecido, assim como a deterioração dos saldos públicos não
foi prontamente relevada – as autoridades foram promovendo um movimento de
estabelecimento de unidades de despesa fora do perímetro das Administrações
Públicas. Progressos nessa área exigem avanços na qualidade da
governação e gestão orçamental, implicando forte envolvimento de todas as
entidades e da sociedade em geral. Se a sociedade e instituições portuguesas
não foram capazes de concretizar esta exigência, imposta em última instância
pelo Pacto Orçamental, serão, mais uma vez, as instâncias internacionais,
através dos mecanismos de supervisão orçamental no seio da UE e pelos mercados
financeiros, a obrigá-la.
Estratégia e Competitividade
O regresso de
Portugal aos mercados e o Impacto no Financiamento da Economia
Nos
próximos três a quatro anos as necessidades de refinanciamento do Estado
português são significativamente mais avultadas que a norma no passado recente.
Daí a relevância da solicitação de extensão das maturidades dos empréstimos
oficiais, ao abrigo das facilidades europeias, até mais quinze anos. O objetivo
será reduzir as necessidades de refinanciamento, trazendo-as para patamares
acomodáveis nas atuais condições de mercado e, eventualmente, proporcionar
espaço para orientação de maior intensidade de fluxos de crédito para o setor
privado.
Espaços Económicos e Geopolítica
O Mar Português –
Potencialidades e Desafios
Os
últimos anos têm sido pródigos em declarações de boas intenções quanto à
importância deste setor, de relevância hoje amplamente reconhecida para um novo
impulso de desenvolvimento nacional. Desde a publicação do estudo SaeR “O
Hypercluster da Economia do Mar” (2009), muito se tem falado e escrito sobre a
necessidade de encontrar alternativas ao (esgotado) paradigma económico
nacional e ao posicionamento geopolítico atual.
O
documento, sobre uma nova Estratégia Nacional para o Mar, agora em discussão
pública pretende contribuir para a inversão de tendências e ‘valorização
económica, social e ambiental do oceano e das zonas costeiras, para benefício
de todos os portugueses’. Duas debilidades essenciais podem, no entanto, e no
entender da SaeR, dificultar a concretização dessa visão.
Notícias
Clube SaeR
Aceda aos conteúdos exclusivos e receba regularmente a newsletter SaeR directamente na sua caixa de e-mail.
Contactos
Rua Luciano Cordeiro, 123 4º Esq.
1050-139 Lisboa
Portugal
Tel: +351 213 030 830
Fax: +351 213 030 839
E-mail: saer@saer.pt